Friday, June 27, 2014

Um galão, por favor

Na Irlanda, bebe-se leite como quem bebe água. E tem de ser sem ser fresco ("ultrapasteurizado" significa "estragado" nos países anglófonos). Nos supermercados vendem-se embalagens de 3 litros que não duram muito cá em casa (as papas de aveia, o chá com leite, o lanche, a custarda...). Mas os americanos ainda conseguem ir mais longe: aqui o leite vende-se ao galão (3,78 litros)!


De uma maneira geral, no supermercado as unidades de venda são maiores. Até as promoções são do género: "Compre 10, poupe x!". Isso de "Leve 2 pague 1" é para mariquinhas. Agora já percebo por que razão os frigoríficos americanos são tão grandes!

E já agora, quando pomos gasolina,a unidade usada também é o galão. (Um pequeno aparte,  disse que ainda ia encontrar mais serviços drive-in, e não demorei muito a descobrir uma farmácia drive-thru).

Tuesday, June 24, 2014

Multnomah Falls

 Já cá estamos há um mês e ainda não nos tínhamos aventurado muito para além de Portland e arredores. Este domingo decidimos ir um pouco mais longe e explorar a "Historic Columbia River Highway".

Esta estrada guia o condutor através dos pontos mais marcantes da paisagem ao longo do rio Columbia. Começámos numa terrinha pacata, Troutdale, em que a rua principal parecia tirada de um western. Continuámos pelas montanhas, totalmente imersos num mundo de árvores centenárias, encolhidos debaixo de rochedos gigantescos que pareciam esmagar-nos a qualquer momento. 

A primeira paragem foi em Crown Point, um promontório extraordinário com águias a voar mesmo por cima de nós! 



Passámos depois por cascatas lindíssimas, até chegarmos à mais famosa, Multnomah Falls. Quando a vi pela primeira vez, o meu espanto foi tal que o Bruce se assustou (ele estava a conduzir e julgou que estávamos prestes a ter um acidente). As fotos não conseguem transmitir a altura incrível desta cascata (186 metros), mas mesmo assim, aqui fica um cheirinho.



Não conseguimos ir até ao topo com os três miúdos, mas ainda assim chegámos à ponte e pelo caminho vimos uma coruja! Como já estava a ficar tarde, decidimos regressar e lá deixámos os miúdos brincarem com o iPad no regresso.
Sempre que possível, gosto de fazer o balanço das nossas aventuras, de forma a cimentar recordações. "Então, meninos, do que é que vocês gostaram mais nesta viagem?" Respondem duas vozes em uníssono: "De jogar com o iPad!!!".

Friday, June 20, 2014

O apartamento

Ainda não vos falei do apartamento. À chegada tínhamos um cesto de boas-vindas na cozinha. Que simpáticos! Umas bolachinhas, detergente para a loiça, papel higiénico, 300 cotonetes... Trezentos cotonetes?! Mas que usos extraordinários é que os americanos descobriram para os cotonetes? Nós só cá ficamos dois meses e pouco.

Enfim, também havia champô, cabides e um desentupidor de canos. Mau, isto não me cheira bem. Fui espreitar a primeira casa-de-banho e, por cima do autoclismo, estava um aviso: "Esta casa-de-banho está equipada com um autoclismo ecológico. Convém ter um desentupidor à mão já que entupimentos são quase inevitáveis." Fui espreitar as outras três casas-de-banho... todas com o dito aviso. Estamos bem arranjados...

Na cozinha também estava um documento de boas-vindas com uma imagem magnífica de Portland, com o Mount Hood de fundo e "WELCOME" escrito em letras gordas. Que simpáticos! Estavamos demasiado cansados para ler o que quer que fosse e fomos directos para a cama. Só que o Joel, passado pouco tempo decidiu que era hora de levantar e lá tive de me arrastar da cama para fora. Enquanto tentava convencer o Joel de que já não estávamos na Irlanda e que aqui ainda não era de dia, decidi folhear o dito documento.

Começava com informação relativa ao uso da internet e electrodomésticos e assinalava alguns números de telefone de interesse. Até aqui tudo bem. Seguia-se uma  lista minuciosa de prejuízos a cobrar se a manutenção do apartamento não fosse impecável: desde a carpete, às lâmpadas, com preços absolutamente absurdos. E para acabar em grande, as duas últimas páginas estavam dedicadas a... infestações, com seis imagens ampliadas e a cores de animaizinhos fofinhos: baratas, aranhas, formigas... Eu ainda hei-de tirar uma foto para vocês verem mesmo que não estou a gozar. Pelos vistos as infestações não são...infrequentes quanto seria de esperar. Que simpático da parte da gerência manter-nos tão bem informados.


Wednesday, June 18, 2014

Pernas para que te quero...

Levei algum tempo a habituar-me ao carro por aqui. Para além de ser automático, é maior do que o nosso carro na Irlanda e as estradas de cá têm tantas faixas que me deixam "zonza" (especialmente para quem como eu estava habituada a conduzir todos os dias numa estrada pacata e estreitinha, no meio do campo).

Além disso, as regras da estrada são um pouco diferentes: um sinal vermelho é ... relativo. Nos E.U.A, se o semáforo estiver vermelho e nós quisermos virar à direita, podemos avançar desde que não venha outro carro. E o estranho é haver tantos carrões, mas os limites de velocidade serem tão baixos (aproximadamente 90km/h na auto-estrada).

Agora que já me sinto mais à vontade, descobri que posso passar a viver no carro com os miúdos. Andar a pé é um conceito um pouco estranho por estas bandas (quanto mais não seja porque atravessar uma estrada com 3/4 faixas de cada lado é um bocado arriscado, a menos que sejamos o Usain Bolt).
Não se trata só de restaurantes drive-thru e cinemas drive-in, há ainda caixas multibanco drive-up e cafés drive-thru! E para pôr gasolina também não saimos do carro, é só baixar o vidro, dizer quanto se quer ao empregado e passar o cartão de crédito para pagar. E aposto que ainda não descobri todas as possibilidades. O que estará por trás desta vida agarrada ao volante - pressa ou preguiça?
De pequenino se torce o pepino... Até os carrinhos no supermercado habituam os miúdos a viver sobre rodas.

Saturday, June 14, 2014

Ser Mendonça

Ser Mendonça é quase sinónimo de ser distraído (poucos na família escapam a esta sina). Eu não escapei, mas até agora tenho conseguido viver com alguma qualidade de vida.  Lá vou tendo um ou outro episódio embaraçoso, mas geralmente estão suficientemente espaçados para não achar que fiquei totó de vez.

Esta semana a situação agravou-se. Não sei se é das noites sem dormir por causa de o Joel, se é de estar sempre com os três miúdos à minha volta a sugarem-me a atenção, a verdade é que estou a padecer de distracção aguda. Ora vejam:

- Anteontem fui à loja a correr mesmo antes de fechar. Precisávamos urgentemente de papel higiénico para as quatro casas de banho do apartamento (temos mais WCs que quartos, um disparate...). Cheguei a casa com 8 rolos de papel higiénico muito em conta. Missão cumprida. Até ouvir o Bruce dizer: "Puxa, oito rolos de papel de cozinha?!  O Joel não vomita assim tanto..."

- Hoje fui comprar cartões de aniversário para os meus sogros (fazem os dois anos para a semana). Os miúdos só queriam mexer em tudo na loja e eu só estava a ver quando é que deitavam alguma coisa abaixo. Não tive lá muito tempo para escolher cuidadosamente os postais, mas o que conta é a intenção, não é? Bem, a intenção e as palavras... Quando fui para escrever os postais com os miúdos, reparei que em vez de ser um cartão de aniversário para uma "avó querida", dizia...para uma"neta querida". Ora bolas, parece-me que não vou poder usar este postal durante algum tempo. Ao menos o do meu sogro parecia adequado para oferecer a um respeitável septuagenário: uma paisagem serena, com montanhas semelhantes às que rodeiam Portland e um simples "Happy Birthday" por cima. Abri o postal e tinha uma mensagem lá dentro: "Votos de um feliz aniversário para um rapaz impecável". Ora bolas outra vez.


Os três grandes responsáveis pela deterioração da minha sanidade mental.

Friday, June 13, 2014

A viagem

... Começou mal. Sabíamos que nos vôos transatlânticos há uma espécie de berço que se pode usar para evitar que os pais tenham de segurar o bebé o tempo todo. O que não sabíamos é que esse temos de reservar esse "berço" com antecedêndia. Apesar de termos chegado muito cedo ao aeroporto para o check-in, o lugar com esse tal berço já tinha sido ocupado.

O Joel percebeu logo que a mamã ficou ligeiramente stressada a pensar que ia ficar com ele agarrado ao colo 8 horas e toca de desatar a chorar ainda antes de o avião descolar. Tive de sacar da minha arma secreta - maminha para fora!  O que valeu é que o Daniel e o Benjamin nem piaram, sempre entretidos com os jogos e filmes disponíveis no avião. O primeiro vôo acabou por ser mais curto do que o previsto (umas míseras 7 horas) e no aeroporto de Chicago até havia uma zona para crianças brincarem e correrem à vontade enquanto esperávamos. Depois, mais 4h30m de vôo até Portland, onde chegámos às 3 da manhã (hora portuguesa) vs 19h (hora local). Nessa altura já nem sentia os braços, nem as mam... Pois. E o pobre do Daniel e do Benjamin eram autênticos zombies.

Mas ainda faltava ir buscar o carro de aluguer e guiar meia hora até ao nosso apartamento. Muito organizados,  tínhamos trazido o nosso GPS já com a morada gravada e tudo! Saimos do aeroporto e... o GPS não se ligava. SOCORRO! Quase à beira de um ataque de nervos, carregámos tantas vezes no botão , que finalmente a geringonça acordou. Chegados ao apartamento... não havia onde estacionar. A não ser ao lado de uma boca de incêndio. Hmm, aquele buraco no meio de uma longa fila de carros parecia um pouco suspeito, mas nós estávamos desesperados. Estacionámos. Ah... agora sim, chegámos... e eu abro a porta do carro e BANG. Bato na maldita boca de incêndio e deixo uma mossa no carro.

Bem-vindos a Portland.


Tuesday, June 10, 2014

Era uma vez na América...

Passados 3 anos... passámos de quatro a cinco. E para não destoar, foi mais um rapaz, o Joel. Pensei que por esta altura o blogue já se tivesse perdido no limbo da net, mas continua teimosamente por aqui. Devia deixá-lo sossegado porque o título está agora geograficamente desadequado. Quando muito, talvez pudesse mudá-lo para " A vida na terra das ovelhas felizes". Não, não, a chuva continua pela Irlanda - nós é que não estamos por lá.

Este verão estamos em Oregon, nos E.U.A.. O Bruce teve uma oportunidade de transferência temporária no trabalho com a família de atrelado, e nem pensámos duas vezes (isto é, até começar o vôo transatlântico com 3 miúdos... "WHAT WERE WE THINKING?!"). Enfim, sobrevivemos o vôo e estamos agora a ambientar-nos ao  American way of life. O curioso foi descobrir que a cidade onde viémos parar parece ser a fusão perfeita entre o sol de Portugal e o verde da Irlanda. O resultado é Port...land.

Apesar de ter os três miúdos agarrados à minha saia TODOS os dias, a TODAS as horas,  não queria deixar de documentar esta nossa aventura em família. E pronto, vou já publicar isto antes que me arependa!