Monday, November 26, 2007

Os melhores filhos do mundo

A maioria das mães vive na ilusão de que os seus filhos são os mais espertos, os mais bonitos, os mais simpáticos. Se o primeiro dentinho nasce mais cedo do que a média, é precoce e, por isso, inteligente. Se começa a gatinhar antes que o filho da vizinha, "vai longe". Se sorri, é lindo; se é introvertido, ergo pensador... Pode até nem fazer nada, mas é sempre o melhor, mesmo no nada que faz.

Ora enquanto algumas mães acalentam estes pensamentos em segredo, outras há que não hesitam em partilhá-los com a família, amigos, professores e catequistas dos seus rebentos, o homem do talho, a senhora da mercearia, etc, etc... Agora adivinhem lá em que grupo se inclui a minha, que nas últimas semanas anda em campanha bloguista: "Leiam o blogue da Luísa!". Como há já uns anos que não corre a minha veia poética (costumava escrever "versos" em criança e durante a maior parte da minha adolescência e vida universitária), esgotaram-se os troféus para mostrar a conhecidos e afins. Contudo, o facto de eu ter começado a publicar textos na internet deu-lhe a oportunidade perfeita para alargar a sua divulgação a meio mundo...

Mãe, muito obrigada por acreditares cegamente nas minhas capacidades, me teres ajudado a ganhar auto-estima e a crescer com optimismo. Pai, obrigada pelo teu encorajamento mais comedido, que permitiu que o meu ego não explodisse, depois da pirotecnia panegírica materna.

PS- Redescobri há pouco o meu primeiro poema em Inglês (mais um dos frutos de ERASMUS) que anda à volta do tema da humildade. As minhas desculpas para quem não está à vontade com a língua inglesa, mas traduzir este poema iria despi-lo de sentido. Bom proveito!

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i feel like writing myself
as i.
What's the point in being big?
If you're too big,
no one will be able
to embrace you entirely.
If you're "I"
there's no space left
for others to complete you.
"I" is a pedestal
with no statue on top.
i want to be i
even less,
just a dot
.
See,
This is me:
a freckle of God.

Friday, November 23, 2007

Ama...seca

Estava tudo a postos para eu regressar ao trabalho na passada segunda-feira. Infelizmente, os imprevistos não faziam parte do meu plano: à última da hora a ama informou-nos que afinal não podia tratar do Daniel porque - coisa nunca vista - ele chorava. Depois disto, quem queria chorar era eu...

Convencida de que tudo acontece por uma razão, telefonei ao meu chefe e pedi para alargar a licença sem vencimento até ao fim do ano, o que me foi concedido de boa vontade. Entretanto, comecei de novo à procura de ama, uma vez que há poucas creches full-time nesta zona (a maioria funciona só 2/3h de manhã ou à tarde). Este ano houve um baby boom na Irlanda e confesso que tinha medo de não encontrar ninguém disponível... Felizmente, estava enganada. Para minha grande surpresa e alívio, descobri várias. Espero desta vez ter acertado na escolha.

Agora que já começa a assentar a poeira, tenho que admitir este foi um mal que veio por bem. Se não, vejamos:

1. Apesar da minha costela feminista o querer ocultar, a verdade é que estou a gostar imenso de ser temporariamente a "stay-at-home-mum";
2. O Daniel, desde que deixou de ir à ama, esmera-se em sorrisos (acho que a auto-estima dele não ficou lá muito abalada com a rejeição);
3. A colega que me está a substituir iria ficar desempregada durante o mês de Dezembro, e desta forma acabou por receber uma prenda de Natal antecipada;
4. A nova ama fica mais perto do nosso trabalho e, como tem três filhos (a mais pequenina com apenas dois anos), ainda se lembra que os bebés choram.

E esta, hein?

Monday, November 12, 2007

Nódoas...

A vida ganhou mais cor desde que o Daniel começou a comer papa e sopa: quer ele, quer eu, quer o Bruce, envergamos agora as nossas roupas com nódoas de orgulho. Não há avental, babete ou fraldinha que controle a criatividade sujadora do nosso pequenino. E eu que julgava - antes dele nascer - que a lavagem da roupa cá em casa só ia aumentar 50% (afinal era só mais uma pessoa, e ainda por cima, em ponto pequeno). Como estava enganada! O vestuário do Daniel ainda é o menos, o nosso é que está constantemente a ser bombardeado com manchas de todo o tamanho e feitio, e nos lugares mais caricatos. A situação tem vindo a deteriorar-se desde que o nosso rebento aprendeu a soprar e decidiu que a colher serve muito bem de flauta...

Sunday, November 11, 2007

À procura de casa

Desde que o Bruce e eu nos casámos, temos vivido numa simpática casa amarela em Ennis, num local muito sossegado. Gostamos muito do nosso senhorio, mas não ao ponto de continuar a pagar-lhe renda ad eternum. Há cerca de um mês, aproveitando o facto de ainda estar de licença,comecei a ver o programa "Location, location, location" que dá imensas pistas para quem quer comprar casa. Aprendi, por exemplo, que os três principais factores a ter em conta são a relação entre o tamanho, a localização e o preço do imóvel.

Quando fomos ver uma casa pela primeira vez, ia munida do meu bloco de notas com uma lista imensa de pormenores a ter em atenção. O edifício tinha sido construído nos anos setenta, mas fora completamente remodelado e ampliado, respirava-se bom gosto em todas as divisões. Era enorme, com muito espaço de arrumação (uma das minhas exigências), boa iluminação, imensas tomadas (sim, é uma das maiores preocupações do Bruce, que anda a coleccionar computadores órfãos), um jardim encantador... Depois de uma avaliação demorada, passou o teste com distinção. O problema era o preço ser um pouco acima do orçamento e o facto de, menos de uma semana depois, já haver um comprador à vista e nós não estarmos ainda preparados para regatear (afinal, era só a primeira que tínhamos visto).

Entretanto já vimos outras três, que ficaram sempre aquém. Ou a cozinha era muito pequena, ou a casa precisava de obras, ou tinha poucas divisões. Por isso continuamos à procura, à pocura...

Monday, November 05, 2007

O Belo Acordado




O Daniel é um amor durante o dia. Ontem aprendeu a soprar e passa agora a maior parte do tempo a tentar assobiar ao espelho. Gosta muito do seu passeio diário, da sua aula de música (a mamã ou o papá tocam para ele) e de saborear - literalmente - os livros (prefere mordê-los a fixar as imagens). É um querido - e já estou a ver o sorriso cúmplice de alguns de vocês que sabem o meu uso particular de "querido"- MAS não dorme à noite! Eis a razão por que esta bloguista não tem escrito. A verdade é que às vezes me sinto tão cansada que até falar exige um esforço sobre-humano (por exemplo, às 4 da manhã, depois de o Daniel ter acordado pela enésima vez, a minha voz soa como um disco vinil com as rotações trocadas, quando me volto para o Bruce: "vvvvvvvvvaaaaaaaaai lááááááá tu por favozzzzzzzzz").