Thursday, October 18, 2007

Chuack!

Uma das diferenças que mais saltou à vista quando vim pela primeira vez à Irlanda foi a forma de cumprimento e a distância física entre pessoas. Habituada à cultura beijoqueira de Portugal e ao bater no braço do interlocutor para chamar à atenção, levei algum tempo até aprender a dizer "hello" sem mais e a conversar sem invadir o espaço pessoal do outro ("área em torno de uma pessoa, cuja violação por outra pessoa produz desconforto ou mal-estar", segundo Goldstein). O Bruce, por sua vez, teve de aguentar estoicamente 15 pares de beijos e outros tantos apertos de mão cada vez que ia a Portugal e tínhamos um jantar de família ou de amigos.

Quando estava já resignada ao higiénico cumprimento irlandês, eis que a situação muda. Passo a explicar: a Irlanda, até há pouco considerada um país de emigrantes, tornou-se destino de imigrantes, graças à sua properidade económica. Enquanto há uns anos era uma ilha de caras pálidas, em que quase toda a gente falava a mesma língua, agora está repleta de cores e sons de todo o mundo: polacos, brasileiros, chineses, espanhóis, franceses, sul-africanos, etc... Como consequência, já ninguém sabe como se cumprimentar! Assim que vemos um amigo ou conhecido vindo em nossa direcção, a nossa actividade cerebral aumenta exponencialmente, enquanto tentamos decidir se devemos simplesmente dizer "hello", se dar um abraço, um ou dois beijos,o que tem tendência a variar consoante a nacionalidade, faixa etária, grau de intimidade e o tempo que estivemos sem nos ver. É de se ficar exausto ainda antes de começar o diálogo!

P.S. - Acho que o Daniel nasceu com o "gene" do beijinho português. Ultimamente, quando lhe pego ao colo, chucha nas minhas bochechas como se fossem uma chupeta:-)

P.S.S. - A propósito de beijos e bebés, aqui está um clip bem cómico:

http://www.ffk-wilkinson.com

1 comment:

João Miguel said...

Nos tempos que correm, um pouco de privacidade não faz mal a ninguém.
Se para bom entendedor, meia palavra chega, "hello" poderá exceder o cumprimento considerado razoável.
Miguel