Thursday, August 23, 2007

A porta do lado

Faz este mês um ano que nos mudámos para esta casa e só ontem - sim, só mesmo ontem - conhecemos os nossos vizinhos do lado.

Quando o Bruce e eu viemos viver para este bairro novinho em folha, estávamos casadinhos de fresco e o mundo girava à nossa volta... Concentrámo-nos em tornar a nossa casinha num verdadeiro lar e mal nos apercebemos de que havia gente a viver ao pé de nós. O facto de não ouvirmos qualquer ruído vindo da casa do lado ajudou a prolongar esta ilusão. Entretanto, entrámos no Outono (que cá chega mais depressa do que em Portugal...) e as tardes ficaram mais curtas. Quando regressávamos do trabalho, já era de noite e os vizinhos tinham as cortinas corridas (são tão pesadas que só deixam passar um fio ténue de luz). Culpámos então a escuridão e o frio (em vez da nossa preguiça e cobardia) e continuámos sem bater à porta do lado.

O tempo foi passando e o acanhamento foi crescendo de forma proporcional à minha barriga. Planeava fazer uns biscoitos para lhes oferecer, mas era sempre para amanhã... Quanto mais adiava o encontro, maior era a caixa de bolinhos que tencionava fazer, até que cheguei ao meu limite: teria que passar dias inteiros à volta do forno para compensar a demora.

Anteontem, reparei que ainda tínhamos bastante bolo de anos do Bruce, que tinha sobrado do dia anterior e tomei uma decisão. Cortei uma porção generosa e bati à porta dos nossos vizinhos. Não eram biscoitos, mas o John - descobri que era esse o seu nome - não pareceu ficar desapontado. No dia seguinte, quando regressei do meu passeio habitual, encontrei uma cartão de agradecimento no nosso correio e um convite para ir passar o serão com os nossos vizinhos. E foi apenas ontem que nos apresentámos devidamente (o Bruce e o Daniel foram comigo e a namorada do John, Marieta, estava também em casa). A conversa surgiu naturalmente e descobrimos que temos bastante em comum... Neighbours at last!

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