Monday, May 29, 2006

Contornos


Há 9 anos vi uma árvore que me deixou perplexa. Aliás, não foi a árvore, foram os óculos que me fizeram parar: poder ver o pormenor do recorte das folhas apanhou-me de surpresa. E fiquei ali, no centro da cidade, a levantar e a baixar os óculos, a reviver o antes e o depois, o antes e o depois... Desde aí, e apesar de a minha miopia ser ligeira, raramente ando sem eles: já não prescindo dos contornos das folhas, das faces, da vida.

Nunca me preocupei em usar lentes de contacto porque sabia que, se fosse mesmo necessário, podia simplesmente tirar os óculos. No entanto, pensei que fossem a nítida solução para o dia do meu casamento. Enganei-me. Redondamente.

As lentes de contacto são autênticos objectos de tortura que decerto fazem parte do kit de qualquer carrasco que se preze. Se não tivesse já pago uma boa quantia pela consulta e pelo conjunto de lentes descartáveis, voltava atrás. Ver-me ao espelho, com os olhos esbugalhados e o indicador em riste não é propriamente agradável. E, claro, começo a pestanejar freneticamente.

Se até 28 de Julho não domesticar os meus olhos, irei míope para o altar. Com sorte, não me devo enganar no noivo.

3 comments:

padrecarlos said...

Espero bem que não. É grave se assim acontecer. Mas de facto é preciso, isto é, convém passar pelo oculista. Mas para quê ir ao oculista se o verdadeiro oculista é o próprio altar. É Ele que dissipa todas as dúvidas.
Boa preparação para a celebração do teu matrimónio.
Beijinho

Luísa Mendonça said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Luísa Mendonça said...

Obrigada pelos conselhos. Entretanto, já fiz progressos e acho que sempre vou conseguir usar as lentes para o casamento. Mas foi preciso persistência...