Wednesday, May 31, 2006

15 minutos de Sol

Descobri há pouco que este foi o mês de Maio mais chuvoso na Irlanda desde que há registo. Assim se confirma que eu não estava só a queixar-me sem motivo... Hoje, finalmente, o sol dignou-se aparecer e, por enquanto as nuvens não são uma ameça. Soube-me bem aproveitar os 15 minutos de pausa para uma leitura soalheira, junto a umas vacas simpáticas (ainda que pouco conversadoras) que geralmente se passeiam pelo prado à frente da empresa. As instalações do call centre ficam no meio do campo, afastadas de tudo e é, de facto, agradável sair do escritório e dar de caras com a natureza.

Monday, May 29, 2006

Contornos


Há 9 anos vi uma árvore que me deixou perplexa. Aliás, não foi a árvore, foram os óculos que me fizeram parar: poder ver o pormenor do recorte das folhas apanhou-me de surpresa. E fiquei ali, no centro da cidade, a levantar e a baixar os óculos, a reviver o antes e o depois, o antes e o depois... Desde aí, e apesar de a minha miopia ser ligeira, raramente ando sem eles: já não prescindo dos contornos das folhas, das faces, da vida.

Nunca me preocupei em usar lentes de contacto porque sabia que, se fosse mesmo necessário, podia simplesmente tirar os óculos. No entanto, pensei que fossem a nítida solução para o dia do meu casamento. Enganei-me. Redondamente.

As lentes de contacto são autênticos objectos de tortura que decerto fazem parte do kit de qualquer carrasco que se preze. Se não tivesse já pago uma boa quantia pela consulta e pelo conjunto de lentes descartáveis, voltava atrás. Ver-me ao espelho, com os olhos esbugalhados e o indicador em riste não é propriamente agradável. E, claro, começo a pestanejar freneticamente.

Se até 28 de Julho não domesticar os meus olhos, irei míope para o altar. Com sorte, não me devo enganar no noivo.

Friday, May 26, 2006

Razões blogáticas

Há uns anos atrás, o blog estoirava e de repente toda a gente se podia tornar escritor do quotidiano. No entanto, como tenho alergia ao popular, mantive-me à parte, da mesma forma que evitei O código Da Vinci. Geralmente, espero que a moda passe e, então, dou uma espreitadela para ver se vale a pena ou não. E o blog (apesar do seu nome deselegante e nada eufónico) é uma pequena maravilha. Eis as razões que me levaram a criar o meu próprio blog:

1. Para manter as palavras acordadas. Sim, parece estranho, mas desde que vim para a Irlanda, sinto que o meu vocabulário português tem, paulatinamente, vindo a hibernar. A princípio, até achava engraçado quando não me lembrava de uma palavra em português e me ocorria logo o termo inglês. (Longe vai o tempo em que dizia ter a "hairy head" - uma tautologia evidente para quem me conhece - quando queria dizer que sou "cabeça no ar".) A verdade é que isso hoje me entristece, vejo-o quase como traição. Posso ter deixado o país e continuar a lamentar os seus defeitos, mas se eu me esquecer de ti, idioma de Camões, "fique presa a minha língua".

2. Para que eu possa continuar próxima dos meus amigos e família e , talvez, criar amizades bloguistas. É uma forma bastante mais prática e eficaz do que enviar emails individuais nos quais, invariavelmente, acabo por me repetir.

3. Para me manter ocupada. Desde que comecei a trabalhar, tenho demasiado tempo livre. Sim, não se trata de uma gralha, é mesmo verdade. Trabalho num call centre e se tiver 4 telefonemas por dia já é muito (é claro que também dou apoio técnico por email, ainda assim não é suficiente para ter estar activa desde as 8h30m até às 17h30m).

"Seja bem-vindo quem vier por bem."

Thursday, May 25, 2006

Boletim metereológico

Confesso que não me tinha apercebido da importância do boletim meterológico até me mudar para a Irlanda. Estava habituada a que fosse um apêndice das notícias, quando já ninguém realmente presta atenção (refiro-me ao conteúdo, não à forma... tenho a certeza que o público masculino disfruta do vestuário perpetuamente estival das apresentadoras). Aqui o tempo é notícia, não é só conversa de elevador... Trocam-se previsões para o fim-se-semana, no meio de queixumes sobre a chuva presente. Presta-se, de facto, mais atenção às informações pormenorizadas do boletim metereológico do que a quem as apresenta.Vive-se na expectativa de um dia de sol ou, pelo menos, de um dia sem chuva. Em vão.